O prefeito de São Paulo, João Dória Júnior, recebeu o Título de Cidadão Sorocabano em sessão solene realizada na noite de quinta-feira, 16, no plenário da Câmara Municipal de Sorocaba. A solenidade foi presidida pelo vereador Rodrigo Manga (DEM), que entregou o título ao prefeito paulistano, proposto pelo suplente de vereador JP Miranda (PSDB), quando no exercício do mandato, e aprovado pela Casa. Anteriormente ao evento, Dória visitou o prefeito Crespo em seu gabinete. A solenidade também serviu para colocar lado a lado o prefeito Crespo e o deputado federal Vitor Lippi, dois ferrenhos adversários da política local.
A concessão do título a Dória gerou muita polêmica das redes sociais e também entre os ouvintes do Jornal da Ipanema (FM 91,1Mhz). Muitos dizem que ele não fez nada por Sorocaba para merecer esse título e outros dizendo que o fato dele ser o novo expoente da política paulista já é suficiente para a homenagem.
Discurso de ódio
Ao agradecer à homenagem, João Dória Júnior optou por utilizar não a tribuna, mas um microfone sem fio, movimentando-se no plenário enquanto falava e criticou duramente o Partido dos Trabalhadores, afirmando que as condições em que o PT deixou o país foram um dos motivos que o levaram a ser candidato.
Até aí, nada demais. Faz parte da democracia posicionamentos e críticas a quem têm posição antagônica.
Mas o que me assustou, e esse é o termo, foi ouvir o tom da voz de Dória ao chamar Lula de ladrão e dizer que ele encaminhou seus filhos para serem bandidos.
Pelo raciocínio de Dória, qualquer um poderia afirmar o mesmo de Fernando Henrique Cardoso (cujo o filho, Pedro Henrique, foi envolvido em escândalos, assim como os filhos de Lula); Mário Covas (o que se diz de Zuzinha, filho de Covas, é idêntico ao que se diz dos filhos de Lula); Aécio Neves (cujo a irmã é citada como comparsa dele em ações que correm na justiça); sem falar do próprio pai de João Dória. Isso para ficar no PSDB, partido de Dória, mas a lista é extensa é atinge as famílias Sarney, Barbalho, Calheiros… para ficar apenas nos nomes nacionalmente conhecidos.
Dória faz um discurso que o aproxima mais do extremismo de Bolsonaro, hoje o grande representante da extrema-direita no Brasil, do que da ideologia social democrata do seu partido. São discursos onde a intolerância daquele que fala prevalece sobre aquele com o qual não compactua ideologicamente. E, em política, esse tom usado por Dória ajuda a agregar em torno dele os que pensam como ele, mas isso apenas afunda o racha já evidente pelo qual passa o país. Está na hora de lideranças começarem a construir uma ponte onde mortadela e coxinhas possam ter um respeito mínimo de qualquer regime democrático.
Quem esteve presente
Além de Manga e JP Miranda, a mesa de honra da solenidade contou com a presença das seguintes autoridades: prefeito de Sorocaba, José Crespo; deputado federal Vitor Lippi (PSDB); deputado estadual Fernando Capez (PSDB); coronel Antônio Valdir Gonçalves, comandante do CPI-7; vereador Nilton Leite (DEM), presidente da Câmara de São Paulo; e os vereadores tucanos Anselmo Neto, José Francisco Martinez e João Donizeti Silvestre, além dos vereadores Hudson Pessini (PMDB), Fausto Peres (Podemos), Rafael Militão (PMDB) e Pastor Apolo (PSB). Também estiveram presentes o presidente da Câmara Municipal de Salto, Luiz Carlos Batista (PP), e a ex-vereadora Neusa Maldonado (PSDB) representando a deputada estadual Maria Lúcia Amary, entre outras autoridades.