José Crespo usou sua página no Facebook para se defender da imprensa sorocabana que, nas palavras dele, está perseguindo a ele ao revelar problemas que envolvem os secretários que ele escolheu. Não citou nenhum veículo em particular e muito menos algum jornalista. Mas, claramente, se refere aos profissionais e veículos que trouxeram reportagens sobre os seus secretários. Leia abaixo três casos que já registrei em postagem anterior. Mas antes, leia o texto na íntegra da página do prefeito eleito:
“Nos últimos dias, os secretários que escolhemos para nos ajudar a resgatar Sorocaba vêm sendo perseguidos por um tipo jornalismo que serve a outros interesses. Não ao bem-estar da nossa gente. Tentam desestabilizar o nosso grupo e lançar dúvidas sobre a nossa capacidade de recuperar Sorocaba da crise em que foi mergulhada. Mas não vão conseguir, porque estamos ao lado do povo, defendemos o povo e temos coragem de fazer as mudanças que precisam ser feitas. A você que deu o seu voto de confiança a mim e à Jaqueline Coutinho, não desanime nem se deixe levar por essas divulgações. Continue com fé nas mudanças. Nós vamos fazê-las e vamos devolver ao povo de Sorocaba o orgulho de viver aqui. Bora trabalhar”.
Agora, leia três abordagens da imprensa:
Na quinta-feira, ao vivo na coluna O Deda Questão no Jornal da Ipanema (FM 91,1Mhz), eu questionei o prefeito a respeito de inquérito policial que investiga a denúncia de dois fiscais da Prefeitura de Sorocaba que acusam Fábio Pilão, futuro secretário de Crespo, de ter ameaçado a eles de morte. Crespo disse que não sabia da ameaça e nem de que foi registrado Boletim de Ocorrência sobre o fato.
Na edição de sexta-feira do jornal Cruzeiro do Sul, Wilson Gonçalves Júnior, o companheiro jornalista Juninho, revela que está transitado e julgado a condenação da futura secretária da Saúde, a médica Janayne Andréa Marques de Farias Maffeis, pelo Tribunal de Justiça do Estado, por improbidade administrativa, em decisão que não cabe mais recurso. Assim que o Judiciário executar a sentença, a futura secretária terá a suspensão dos direitos políticos por cinco anos. Ou seja, fica impossibilitada de ser nomeada. Crespo disse ao jornalista que não sabia de nada.
Na edição de sexta-feira do jornal Z Norte, o colega Marcel Scinocca do Grupo Z de Comunicação, publica reportagem a respeito de um inquérito policial contra Werinton Kermes escolhido por José Crespo para ser secretário da Cultura. Kermes foi gravado de maneira escondida por ex-apresentadores da sua TV em Votorantim e é acusado de querer resolver seus problemas financeiros. E a resposta foi a mesma: o prefeito José Crespo não tinha conhecimento desses inquéritos até ser questionado pelo jornal.
Agora, caro leitor tire suas conclusões:
Aos três casos e aos três jornalistas e aos três veículos diferentes o prefeito eleito deu a mesma resposta: ele não sabia de nada dos casos apontados.
De imediato, essa resposta me fez lembrar de Lula no auge do mensalão quando ele, igualmente, disse não saber de nada.
Ao ler que Crespo se sente perseguido, novamente me vem Lula à memória e uma simples pesquisa na internet revela que este foi, também, o mantra do ex-presidente: ser perseguido pela imprensa.
Leia trecho de reportagem da Folha de S.Paulo da campanha de 2014, da reeleição de Dilma. Na oportunidade relatou o jornal: Em comício ao lado da presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula voltou a atacar nesta segunda-feira (29) a imprensa, que chamou de “sempre conservadora”, e disse que o PT e o governo sofrem “perseguição”. Durante o evento, que ocorreu na região do Campo Limpo, zona sul de São Paulo, Lula disse que “houve um tempo em que a gente tinha donos dos jornais [com quem] a gente podia conversar”. “Hoje eles terceirizaram os jornais, então você não tem mais dono. Quando você tem que fazer uma reclamação o dono já não apita mais”. Ele citou os jornais Folha e “O Estado de S. Paulo, a TV Globo e a revista “Veja”. Para o ex-presidente, há “bronca” e perseguição” contra o PT. “Então, Dilma, eu estou dizendo isso porque quero que você compreenda porque existe hoje tanta bronca contra o PT e contra o governo, tanta perseguição”….
Afirmo, categoricamente, no que diz respeito aos três fatos revelados pela imprensa a respeito dos nomes escolhidos por Crespo: não há perseguição alguma. Há interesse público na história daqueles que vão ajudar na gestão da cidade. E, insisto, Crespo tem de afinar seu discurso com a sua história. É incoerente suas posturas de prefeito eleito até agora com o seu comportamento de homem público. É inadmissível que: 1) Crespo não saber de nada; 2) Crespo sentir-se perseguido pelas verdades contadas.
Muda Crespo, afine o seu discurso e seja coerente. Até agora você está de Mi-Mi-Mi. Ou Xô-Rô-Rô.
PS – Me perguntam, mas pelo que apurei até o momento essa estratégia (do “não sei” e da “perseguição”) é única e exclusiva de Crespo. Não me consta que ele tenha debatido essas respostas com ninguém do seu grupo. Muito menos com Renato Amary que acompanha de longe, até agora, os desdobramentos e repercussões das decisões do prefeito eleito.