Presidente “decreta” fim da recessão. Mas lideranças setoriais dizem que não

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Temer

Observado por Sarney (sim, aquele de sempre) e Eliseu Padilha, Temer dá posse ao ministro da Justiça, Torquato Jardim, horas antes de anunciar no twitter que “acabou a recessão”

O presidente Temer comemorou, em sua conta no Twitter, no começo da tarde hoje o resultado do PIB (Produto Interno Bruto), que cresceu 1% no primeiro trimestre de 2017, em comparação ao último trimestre de 2016: “Acabou a recessão!”. Os dados sobre a economia brasileira foram divulgados hoje (1°) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na mensagem publicada na rede social, o presidente cita as medidas já adotadas pelo governo e as reformas em análise no Congresso Nacional: “Acabou a recessão! Isso é resultado das medidas que estamos tomando. O Brasil voltou a crescer. E com as reformas vai crescer mais ainda”, diz o tuíte do presidente.

PIB da Construção cai 6,3%

A euforia do presidente não reflete em nada a economia nacional, a não ser o agronegócio que sozinho cresceu mais de 13% e puxou o PIB para cima. Lideranças de setores da indústria, construção civil e comércio (logo após a euforia do presidente no twitter) emitiram comunicado falando da penúria desses segmentos. Especialistas ouvidos pelos portais UOL (Folha de S.Paulo), G1 (Globo) e Estadão também preferiram a cautela à euforia de Temer que, obviamente, se apropria de um dado para contagiar a sua grave situação política.

Como exemplo, pego o PIB da indústria da construção, que embora tenha apresentado um crescimento 0,5% no primeiro trimestre de 2017 em relação ao trimestre anterior, foi o setor que apresentou a maior queda, na comparação com o primeiro trimestre de 2016: -6,3%. Ou seja, o setor que mais emprega do Brasil (construção civil) vai de mal a pior.

O resultado do PIB da construção apenas confirma a gravidade da situação do setor, de acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), José Romeu Ferraz Neto. E o futuro, na fala de Ferraz Neto, segue sendo nebuloso: “Sem novos investimentos nos segmentos imobiliário e de infraestrutura, praticamente estamos terminando as obras em andamento sem dar início a novas”.

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