Apesar da intensidade das opiniões e divergências, não houve falta de respeito de ambas as partes
A vereadora Iara Bernardi (PT), participou do Jornal da Ipanema, da Rádio Ipanema 91,1 FM, nesta manhã de quarta-feira (31/05) para criticar o Projeto de Lei nº 138/2017, de autoria do Executivo, que cria o Conselho Municipal de Regulação e Controle Social, órgão consultivo da Agência Reguladora dos Serviços de Saneamento das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Ares-PCJ), que fará uma reunião por ano ou extraordinariamente e terá as seguintes incumbências: avaliar os reajustes de tarifas dos serviços de saneamento básico; encaminhar reclamações e denunciar irregularidades na prestação desse serviço; e elaborar e aprovar seu Regimento Interno.
Iara deixou claro que sua crítica era ao fato de Sorocaba se associar a uma agência que já existe, com sede em Americana, e não criar a sua própria, onde seria a protagonista das ações.
Ao final da entrevista, solicitei se ela poderia seguir no estúdio e participar da coluna O Deda Questão, afinal eu trataria deste tema em minha fala, mas do ponto de vista do quanto a vereadora estava sendo incongruente, contraditória, com essa posição. Expliquei que na questão do desmembramento da UFSCar (São Carlos) para se tornar UFSor ela é contra (ao ocorrer isso, Sorocaba deixa de ser coadjuvante e passa a ser a protagonista da universidade federal), mas para Sorocaba economizar e agilizar sua agência se associar a outra cidade (Americana) ela era contra porque queria que Sorocaba fosse a protagonista. Oras, para um caso Sorocaba tem que ser protagonista e para outro não?
Foi ai que o ambiente ficou pesado e os ânimos (da Iara e meu) foram se acalorando.
Mas, que fique claro ao leitor, Iara e eu nos conhecemos há décadas e nos provocamos mutuamente em prol do melhor debate daquilo que é de interesse público. Nunca houve desrespeito de nenhum lado ou outro. A tendência de Iara, quando confrontada, é a de se expressar melhor. Enfim, que não fique a impressão de que o clima quente beirou qualquer desrespeito de ambas as partes.
Reportagem do Portal Ipanema
A partir daqui, o leitor deste blog fica com a reportagem da jornalista Alana Damasceno que fez essa publicação no portal Ipanema (www.jornalipanema.com.br):
Iara discordou de uma série de assuntos abordados pelo colunista e jornalista responsável pelo “O Deda Questão”, Djalma Benette.
Durante a entrevista, Iara demonstrou irritação diante de diversas opiniões do colunista, e rebateu os questionamentos de Benette.
A princípio, a entrevista da parlamentar era conduzida pelo apresentador José Roberto Ercolin, quando foi iniciado “O Deda Questão”, espaço que vai ao ar de segunda a exta-feira, no Jornal da Ipanema. Entretanto, a entrada de Deda nos estúdios já causou ‘mal-estar’.
Confira os principais momentos do bate-boca:
Deda:
– Vim aqui para deixar de ser bonzinho com você
Iara:
– Quando que você foi bonzinho comigo?
Deda:
– Pois é, agora vou ser ‘ruinzinho’ de novo.
——
Um dos pontos do bate-boca foi o fato de o colunista afirmar que a vereadora diverge de opiniões, quando comparado o tema de protagonismo entre a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) que chegou a Sorocaba por intermédio de Iara, quando deputada, e a agência reguladora de saneamento básico que atualmente está em discussão na Câmara de Vereadores em Sorocaba. Houve a promessa, da própria deputada, de que a UFSCar se transformaria em UFSor (Universidade Federal de Sorocaba), após 10 anos de funcionamento. Segundo o colunista, agora ela defende que há de continuar como UFSCar. Enquanto isso, a vereadora argumenta que a agência de saneamento seja administrada em Sorocaba e não por cidades da região.
Deda:
– Você tem todo uma articulação, onde, no princípio, quando a UFSCar veio a Sorocaba, havia, num prazo de 10 anos, que ela viraria UFSor. Hoje, você defende que tem que se manter UFSCar [erro na fala] e não leva em conta o fato de que, em 12 anos, Sorocaba tem 14 cursos, ou seja, as decisões da UFScar ficam lá. Aí, a gente tem uma agência reguladora, onde o custo de ser criada em Sorocaba é três ou quatro vezes maior do que você se associar uma agência reguladora que já funciona, como a da cidade de Americana.
Iara:
– Você fez essa conta?
Deda:
– Os dados são da Câmara de Vereadores. Eu não posso fazer a conta, se os vereadores estão lá é para eles fazerem as contas. Se, na universidade eu posso me associar a São Carlos, na agência eu não posso me associar a Americana. Não há uma incongruência no seu comportamento em relação ao tema da universidade e da agência?
Iara:
– São assuntos absolutamente diferenciados. Sorocaba perdeu o protagonismo. A gente vai se filiar numa agência que se criou com legislação criada em Sorocaba, no Comitê de Bacias. O debate foi feito aqui. O prefeito [Antonio Carlos] Pannunzio mandou dois projetos criando uma agência reguladora em Sorocaba. Segundo, projeto da Região Metropolitana Sorocaba não criou. Essa legislação criada e aprofundada aqui em Sorocaba foi utilizada para a criação do Comitê de Bacias e tantas outras cidades que estão filiadas. Sorocaba poderia ter tido esse protagonismo.
Deda:
– Concordamos, perdeu. Assim como na vinda da universidade, Sorocaba perdeu. O caminho encontrado para ter uma universidade federal foi nos associarmos a São Carlos. A luta inicial, você sabe disso, projeto do Renato Amary e Pannunzio, não saiu. O caminho que você encontrou e deu certo foi que se associou a uma universidade que já tinha. Em um prazo de 10 anos, se passaram 12. Ela não conseguiu seu protagonismo. Porque é diferente na questão da agência?
Iara:
– A agência reguladora está em debate. É importante. Tem implicações específicas com relação ao Saae, abastecimento, saneamento, resíduos sólidos na nossa cidade. Não perdemos nada com a UFSCar. A região só ganhou com a UFSCar. Tem três mil estudantes, 17 cursos.
Deda:
– A reclamação não é o que ganhou. É o que deixou de ganhar. Ela não é o protagonista.
Iara:
– Deda, você nunca colocou em sua fala que Sorocaba ganhou, tendo uma universidade federal.
Deda:
– Óbvio que ganhou. Não há como negar isso. A questão é que poderia ganhar mais.
Iara:
– O debate é feito aqui como se não tivéssemos universidade federal e nós a temos.
Deda:
– Sem protagonista, é diferente.
Iara:
– A cidade fica criando indisposição com a universidade em vez de parabenizar a que tem aqui.
———
Já em um terceiro trecho da entrevista, Iara critica a assessora que representa Sorocaba em Brasília, Fernanda Mariano, cargo criado pelo prefeito José Crespo (DEM), no qual a vereadora votou contra.
Deda
– A primeira ação dela (assessora de Brasília, Fernanda Mariano) é a liberação de uma verba para a Praça da Juventude, cujo orçamento inicial de R$ 4,8 mi. Iara conseguiu uma verba, por emenda parlamentar, de R$ 2,1 mi. O prefeito faz uma readequação do projeto, essa praça que vai ficar no Piazza de Roma, que vai ter um ginásio, pista de skate, para R$ 2,9 mi. A contrapartida da prefeitura cai para R$ 800 mil. Não é ironia do destino que a primeira ação da funcionária em Brasília seja relacionada a uma emenda parlamentar sua?
Iara:
– Posso falar agora e fazer uma série de correções na sua fala? Primeiro que não é emenda parlamentar. Não é emenda. Não fiz emenda parlamentar. Fiz outras emendas que foram perdidas, porque o governo Pannunzio não utilizou as verbas. Não fez projetos, nada a respeito. Boicotou meu trabalho como deputada federal. Voltei, em 2013/2014 para a Câmara Federal. O Ministério dos Esportes tinha um projeto de Praça da Juventude. Fui lá procurar projetos para Sorocaba. Uma cidade não conseguiu viabilizar o projeto e foi repassado o recurso de R$ 2 milhões para Sorocaba, para um Praça da Juventude do tamanho de R$ 2 milhões. Falei “muito bom, legal!”. O recurso estava aí. Comecei a discussão aqui no governo Pannunzio. Há 4, 5 anos o recurso está aqui na Caixa Econômica Federal. Não usa, volta para o orçamento da União. […] Sorocaba não fez, não adaptou o projeto, me enrolou quatro anos. E eu brigando para que não perdesse a verba […]. Agora, chega esta senhora e diz que viabilizou? Não! Viabilizou porque o prefeito Crespo quis montar a praça.
Deda:
– Mas, ela não é do prefeito? É a mesma coisa.
Iara:
– O prefeito tomou a decisão política. A moça não fez nada. Não teve tempo de fazer. O dinheiro estava parado aqui.
Deda:
-Aqui não, voltou [para a União].
Deda:
– Você não dá o braço a torcer, né?
Iara:
– Você está errado. Estou falando, pois tenho experiência como deputada federal. Não é assim que funciona. Se o prefeito Crespo fizesse mais um pouco de enrolação, a verba voltaria para o Tesouro. Aí ele disse, “nós vamos fazer a Praça da Juventude. Vou dar uma contrapartida”. Negociou com o Ministério. O recurso está aí. Vamos utilizar”.
Deda:
– Você não dá o braço a torcer. (Deda ri)
Iara:
– A moça não teve a possibilidade de atuação nenhuma. Aliás, ela deu entrevista em jornais, eu falei “meu Senhor… ela não tem experiência alguma na área”. Ela só fala em emenda parlamentar.