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São estimados em 45 mil pessoas na fila de espera por algum procedimento cirúrgico na rede pública de saúde de Sorocaba. É uma fila que frustra o prefeito de plantão na medida em que a entrada de pessoas nesta fila é maior do que as que saem dela.

O prefeito Manga, assim como os colegas que o antecederam, quer acabar com essa fila. Aliás, esse é o desejo de qualquer um. Ninguém gosta de ver pessoas esperando para colocar fim a uma dor.

E Manga anunciou que estava no fim a resolução deste problema e usaria de um mutirão para atender esses 45 mil sorocabanos em consulta, exames clínicos e laboratoriais e, por fim, a cirurgia para dar fim ao problema de cada paciente.

Manga fez uma licitação e o vencedor foi o Instituto Moriah. Quem? É uma empresa que não tem hospital, não tem médico, não tem laboratório, mas tem a expertise de terceirizar esses serviços, ou seja, ela contrata alguém para fazer o que ela disse que faria e assim vencer a licitação.

O primeiro a dar um epa! nesta situação foi o padre Flávio Miguel, administrador da Santa Casa. Ele foi claro: esse instituto não tem capacidade para fazer o que a licitação pede.

Mesmo assim, alguém soprou no ouvido do prefeito que não tinha problema. E o mutirão seguiu sendo propagado.

Depois o portal Porque afirmou que o Moriah, vencedor da licitação, era alvo de ação da prefeitura contra ele por problemas que o instituto havia provocado ao erário no passado. Mesmo assim, o mutirão se manteve.

Então veio o Ministério Público. A promotora de justiça Cristina Palma recomendou a suspensão de qualquer cerimônia para a realização do Mutirão da Saúde até que questionamentos encaminhados pelo Ministério Público fossem respondidos pela Prefeitura de Sorocaba. Entre os questionamentos estavam a ausência de sede própria no município, dívidas consolidadas em nome do Instituto e frustração de penhora e bens em nome do Instituto o que preocupa o Ministério Público.

Curiosamente, foi neste momento apenas que o secretário da Saúde entrou em cena e ao portal Jornal Z Norte informou que uma nova licitação poderá ser feita uma vez que o “Instituto Moriah precisa entregar um plano de trabalho para poder estar qualificada e habilitada para a assinatura de contrato. Até o momento os técnicos da Secretaria de Saúde solicitaram um novo plano para o Instituto e o mesmo não foi apresentado. Caso o plano não seja apresentado para a Prefeitura nós encerraremos a licitação e abriremos uma nova licitação”, disse o Secretário da Saúde Dr. Vinicius Rodrigues.

Tudo isso suscita a pergunta: quem falou demais? O prefeito não falaria se alguém não tivesse lhe soprado no ouvido algo do tipo “chefe, tudo resolvido, a licitação já tem vencedor, é só anunciar o mutirão, chefe, lindo, maravilhoso, o senhor é o máximo chefinho…”

Qualquer Plano B, desde que resolva o problema desses 45 mil sorocabanos, enfim, apagará essa barrigada do mutirão. Mas ele precisa sair do papel. De preferência, logo.

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