Sorocaba está sintonizada com o país e também diz não ao governo. Mas para quem entrar?

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Não há forma mais clara de dar um recado ao governante do que as manifestações deste histórico 13 de Março de 2016. Os milhões de brasileiros que foram às ruas foram unânimes em dizer não à Dilma, Lula e ao governo do PT. Mas em São Paulo disseram também um sonoro não aos tucanos Aécio Neves (que já havia sido vaiado em Belo Horizonte pela manhã) e a Alckmin. Disseram um sonoro não aos políticos. Pediram renovação dessa geração de políticos.

Há dissonância nos números. É incompreensível o DataFolha calcular em 500 mil as pessoas na avenida Paulista nesta manifestação de domingo quando o mesmo instituto já calculou 3,5 milhões para a Parada Gay no mesmo local. Não cabia mais ninguém na avenida no domingo. Todos estavam apinhados. Foram 2,7 km de avenida no comprimento com 80 metros de largura (de calçada a calçada) cheio de gente. O bom foi o jornal reconhecer que se tratou da maior manifestação da história do Brasil.

Sorocaba esteve conectada e em sintonia com o Brasil. Entre 15 mil (números da Polícia Militar) e 25 mil (dados dos organizadores) ocuparam as ruas do Campolim. Mesmo que isso não apareça na capa de hoje do jornal Cruzeiro do Sul, o principal veículo impresso da região. Assim como é incompreensível o papel do DataFolha, achei a capa de hoje do jornal sorocabano deslocado do tamanho da importância da data de ontem. Hoje é dia para aquelas capas históricas, com uma imagem só, com quase nenhuma palavra, mas expressando o sentimento da sociedade.

Mas voltando ao problema: atendendo a voz das ruas, cai o governo. Mas e o dia seguinte? Quem assume? Não se tira ninguém senão estiver bem combinado quem passa imediatamente a mandar.

Ai é uma costura de meses. O dia D – como ficou conhecido o momento em que os aliados venceram os alemães na Normandia e ganharam a 2º Guerra Mundial – levou 11 meses para acontecer. Após o Dia D do governo Collor (o único que sofreu o impeachment no Brasil) foram 19 meses até o governo de transição de Itamar Franco. O dia D do governo Dilma foi dado ontem, mas poderá não acontecer sem uma composição que diga quem manda assim que ela sair. E ai tem o papel do Tribunal Superior Eleitoral, o papel da Lava-Jato, a delação de Delcídio. Tudo isso influencia em sobre quem vai ter a caneta se Dilma cair.

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