Sorocabano deve esperar uma nova cassação do prefeito em 2018? Pode ser que sim. E que não

Compartilhar

CasoMerenda

A notícia exclusiva de Kiko Pagliato e Gustavo Ferrari dada no Portal Ipanema na semana passada, a respeito de um pagamento em duplicidade no contrato da Prefeitura com o fornecedor da merenda escolar do município, caiu como uma bomba no ambiente político.

O presidente da Câmara Municipal, Rodrigo Manga, personagem central na cassação do mandato do prefeito Crespo quando de toda a confusão com a vice-prefeita Jaqueline Coutinho, novamente é personagem central desta vez na denúncia envolvendo o pagamento em duplicidade da merenda.

Fato 1

Desta vez, o denunciante, Daniel Pólice, secretário de Abastecimento e Nutrição da Prefeitura de Sorocaba, é pessoa de confiança de Manga. Havia sido seu chefe de gabinete e assumiu a pasta quando Jaqueline virou prefeita e seguiu na pasta na volta de Crespo. Mas seguiu com data marcada para sair. Um acordo dentro do DEM, partido de Manga e Crespo, indicava que um filho do deputado federal José Olímpio (também do DEM) seria nomeado para a pasta. E estava tudo acertado.

Fato 2

Daniel Pólice nos 90 dias em que ocupou a pasta entendeu que de fevereiro a setembro deste ano (portanto a pasta era comandada por Alexandre Hugo de Morais, que é o secretário de Igualdade desde a volta de Crespo após sua cassação) a empresa fornecedora de merenda recebeu em duplicidade, gerando um desperdício de dinheiro público estimado em R$ 720 mil. E ele apontou estes problemas à equipe do prefeito, ou seja, secretários de Gabinete Central e também o de Licitações. Um processo administrativo primeiramente foi aberto e depois uma investigação por parte da Corregedoria do Município.

Fato 3

O prefeito Crespo demitiu Daniel Pólice sob a argumentação do Fato 1 (leia acima).

Porém, diante do Fato 2 (leia acima), o presidente da Câmara entendeu que foi o pior momento para essa demissão, embora a troca de Pólice por José Olímpio Júnior estivesse combinada.

Fato 4

Diante da divergência entre Crespo e Manga (Fato 3) e da pressão do noticiário imposta por Kiko Pagliato em suas participações no Jornal Ipanema (onde ocupou o espaço O Deda Questão por 3 dias seguidos) e das Lives no Portal Ipanema, os vereadores resolveram se envolver no caso e o presidente Manga convocou os vereadores para uma reunião a respeito do tema.

Nesse encontro, Pólice carregou na tinta ao dar sua versão e surpreendeu não apenas o prefeito e sua equipe, mas também os vereadores que participaram do encontro.

Em resumo ele disse que identificou a realização de pagamentos duplicados no montante de R$ 720 mil a fornecedores da merenda entre os meses de fevereiro e setembro deste ano. Police disse que enquanto ocupava o cargo encaminhou diversos ofícios aos setores competentes da Prefeitura dando ciência das irregularidades e cobrando providências. Segundo ele, diante das denúncias a Corregedoria Geral abriu um processo para investigar o caso.

Fato 5

A Câmara de Vereadores de Sorocaba em entrevista coletiva, na tarde de sexta-feira passada, anunciou que pediu o afastamento imediato do 1º secretário de Abastecimento e Nutrição do prefeito Crespo, e atual secretário de Igualdade e Assistência Social, Alexandre Hugo de Morais, de suas funções na administração municipal. O objetivo é que a Corregedoria-geral investigue o pagamento irregular de merendas das escolas municipais sem interferência de Alexandre Hugo.

A Câmara também quer a investigação no âmbito policial, e que seja feita pela Polícia Federal, pois trata-se de repasse de verba envolvendo o governo federal para o pagamento da merenda.

O presidente Rodrigo Manga classificou as acusações como “muito graves” e afirmou que a Câmara Municipal precisa agir, “uma vez havendo indícios de corrupção, poderá haver uma CPI para apurar os fatos”, disse o presidente.

Fato 6

O prefeito Crespo, após conversa com Alexandre Hugo, Hudson Zuliani (Licitações e Contratos) e Alexandre Robin (Gabinete Central) entendeu que não deveria afastar, como pediram os vereadores, Alexandre Hugo de suas funções. Ele nega que tenha havido o pagamento em duplicidade (como aponta Pólice) e que tudo o que foi pago foi fornecido pela empresa e usado na merenda, descartando problemas. A confusão, no entender dele, se refere à transição do contrato da merenda da época do prefeito Pannunzio para a atual gestão.

Fato 7

O Corregedor Geral do Município, Carlos Alberto de Lima Rocco Junior, vai ouvir os personagens envolvidos no contrato da Prefeitura com a empresa fornecedora da Merenda.

Todos o seu trabalho será enviado aos vereadores e para a Polícia Federal.

Conclusão

Nada, suponho, vá acontecer até que a Corregedoria conclua o seu trabalho. Nem mesmo a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) como anunciou pretender fazer a vereadora Fernanda Garcia do PSOL. O clima entre os vereadores é de cautela em relação ao prefeito Crespo. Obviamente que se ele subir o tom, com demonstração de estar desafiando os vereadores, essa situação pode mudar. Para evitar essa animosidade, Alexandre Robin agiu para abrir um canal de diálogo com o presidente Manga e o líder do PMDB na Câmara, Hudson Pessini (que interpreto como o líder da cassação de Crespo no atrito com Jaqueline), está, dessa vez, ajudando Robon em sua tarefa.

Obviamente que a queda de braço política (Fato 3, relembre lá acima) pode detonar todo um novo conflito de cassação do prefeito Crespo. Mas são os fatos (5, 6 e 7) que serão determinantes para se saber o que os vereadores vão interpretar do que for concluído. Pode ser que não haja crime, como aponta Alexandre Hugo, ou que haja, e grave, como aponta Daniel Pólice. E havendo caberá entender cometido por quem e o nível de responsabilidade do prefeito.

Portanto, a pergunta dessa postagem (Sorocabano deve esperar uma nova cassação do prefeito em 2018?) não tem resposta agora e ninguém sabe qual a resposta certa para ela. Hoje é: pode ser que sim, pode ser que não.

Comentários