Hoje, sexta-feira, começa para muitos trabalhadores um período de descanso em razão do feriado de terça-feira, dia 7 de setembro, data em que o Brasil celebra o Dia da Independência, ou seja, a data comemora a Declaração de Independência do Brasil do Império Português no dia 7 de setembro de 1822.
Mas ao contrário do que aconteceu nesta data nos últimos 199 anos, desta vez o clima de polarização política extrapolou com os aliados do presidente e sua ideologia estarem usando deste símbolo nacional para demonstrar força. Mais do que isso, de usar essa força como forma de ameaça.
O presidente diz que não há com o que se preocupar e os participantes vão protestar contra decisões judiciais que, segundo ele, violam a liberdade de expressão como se atacar o STF (Supremo Tribunal Federal) e as urnas eletrônicas e defender a propagação de mentiras fosse algo da legislação. É uma estupidez!
Em seu site, a Associação Comercial de Sorocaba informa que tem recebido indagações relativas ao posicionamento da entidade nos movimentos civis que poderão ocorrer nas comemorações de 07 de Setembro e informa que a entidade sorocabana, juntamente com a Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo), deva “ficar equidistante de tais movimentos, visto não termos clareza de seus verdadeiros propósitos. Tanto a Acso como a Facesp sempre estiveram e sempre estarão ao lado do que for melhor para o Brasil. Portanto, estaremos atentos aos acontecimentos, mas não nos lançaremos como protagonistas deste, ou de quaisquer outros movimentos civis onde não identificarmos clareza absoluta quanto aos propósitos almejados”.
A Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), regional de Sorocaba, segue a orientação da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e adiou a divulgação do manifesto em que pede harmonia entre os Poderes para depois do evento do dia 7 de Setembro. Evitar um posicionamento agora teria sido a forma encontrada pela entidade para evitar um atrito do seu presidente, Paulo Skaf, com Bolsonaro, já que um apoia o outro.
As entidades do agronegócio, por sua vez, enfatizam a defesa do Estado democrático de direito: “Nós queremos nos diferenciar de lideranças do agronegócio que estão apostando no conflito”, disse o presidente da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), uma das sete signatárias do manifesto do setor agro. No documento, entidades agrícolas demonstraram preocupação com a imagem do país no exterior “com os atuais desafios à harmonia político-institucional e, como consequência, à estabilidade econômica e social em nosso país”.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) segue na mesma linha de defender a independência dos poderes, negar qualquer aventura golpista, e teve como retaliação, a ameaça do Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal (cujos os dirigentes são nomeados pelo presidente da República) de romper com a entidade, uma vez que vêem esta posição como afronta ao presidente que apoia as manifestações de terça-feira.
O que se observa das lideranças dos setores empresariais do país é que “o momento exige do Legislativo, do Executivo e do Judiciário aproximação e cooperação de modo que cada um atue com responsabilidade nos limites de sua competência, obedecidos os preceitos estabelecidos em nossa Carta Magna. Este é o anseio da nação brasileira”.
Me parece, pelo silêncio público do exército (em manifestações nos bastidores há uma unanimidade que as Forças Armadas defendem a democracia e não vão apoiar nenhuma aventura) e pelo posicionamento do setor empresarial que a próxima terça-feira será apenas mais uma. No máximo com troca de agressões entre os apoiadores do bolsonarismo e os que o negam em endereços bem definidos. Será um feriado como qualquer outro, com o cidadão comum ignorando o que se comemora na data. Por incrível que pareça há quem ignore que o Brasil, 199 anos atrás, havia sido por 300 anos uma colônia de Portugal.