Acabei de ser assaltado no semáforo

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“Fiquem atentos, acabei de ser assaltado no semáforo da rua Barão de Tatuí com a Cesário Mota (região central de Sorocaba). Levaram meu relógio! A crise está crítica e a tendência é que essas coisas aumentem”.

A mensagem acima, compartilhada num dos grupos de whatsapp do qual ainda faço parte (já fui expulso de um deles por causa de minha manifestação), chocou os seus integrantes. São amigos de longa data: empresários ligados ao comércio e indústria, médicos, funcionário público… Enfim, pessoas que a vida reuniu.

Todos expressaram solidariedade na base do ainda bem que só foi o relógio, pois dá para comprar outro. Ainda bem que não foi nada pior e sua saúde ficou intacta… e por aí seguiram as manifestações de consolo.

Mas me chama a atenção a certeza com que pessoas que produzem, empregam muitos trabalhadores, têm de que há uma crise e que a tendência é de que aumentem esses pequenos furtos. Vejo, na afirmação do meu amigo compartilhando que foi roubado e nas manifestações de solidariedade de seus amigos, inclusive a minha, implícito um sentimento de compaixão, de que o ladrão do seu relógio irá dar um fim no produto do seu roubo que será revertido em algo básico, como comida, por exemplo.

Precisamos nos indignar!

Não é possível aceitar que as vítimas de maus governos (os miseráveis) se voltem contra pessoas como nós, que lutam uma vida inteira trabalhando e não recebem de volta o mínimo: paz para guiar seu carro com o vidro aberto.

Passados uns dias deste fato, ele ainda me persegue. Sim, tenho compaixão pelo miserável, mas não posso ser a vítima dele. É inadmissível isso. Quem externou com qualidade o que pretendo aqui dizer é o autor do filme “O Tigre Branco” – está disponível na Netflix e vale muito a pena ver.

A segurança precisa ser mais inteligente. E a maneira encontrada por muitas pessoas e entidades, montando barracas com o “Quem tem põe e quem não tem, tira”, me parece um bom exemplo disso. Mas é preciso avançar, exigindo dos governantes, em especial os eleitos em outubro passado, que enxerguem o momento em que estamos vivendo. Pois muitos ainda estão fixados em seu sonho, de realizar, e não na necessidade de serem gestor da maior crise sanitária pelo qual estamos passando.

Como me disse um outro amigo: Entre os ricos que têm acesso a tudo e os pobres já acostumados com as privações, brasileiros do meio da pirâmide vivem drama inédito em suas histórias pessoais e a charge desta publicação, do cartunista Genildo, é bem didática para explicar isso. Não é questão de polícia, mas de garantia do mínimo de dignidade para cada brasileiro.

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