Em pronunciamento contundente, o sorocabano Flávio Amary, novo presidente do Secovi-SP, propõe a união da sociedade, criação de agenda de ideais em prol da Nação e promete uma gestão com foco na atuação política

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Na noite de segunda-feira (29/2), foi realizada a solenidade de posse da diretoria do Secovi-SP para o biênio 2016-2018, liderada por Flavio Amary. Estiveram presentes o vice-presidente da República, Michel Temer; o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, senadores, deputados federais e estaduais e mais de mil associados e representantes de entidades de classe, da imprensa e do Judiciário. Flávio Amary fez um discurso emocionado, expressando a preocupação com os rumos do País, conclamando os brasileiros a combaterem a corrupção e a classe empresarial a não mais se omitir.

Veja alguns tópicos do seu pronunciamento:

“Os brasileiros foram assaltados por um esquema de corrupção de proporções inimagináveis. Assaltaram nossos bolsos; esvaziaram os cofres públicos; roubaram nossa confiança; abalaram nossa autoestima”.

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“Devíamos ter suspeitado que não há gentileza que se sustente usando chapéu alheio… No caso, o nosso chapéu!”

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“Demoramos 21 anos para restaurar a democracia. E por 20 anos conseguimos manter a estabilidade da moeda nacional. Hoje, aqui estamos nós. Do sonho ao pesadelo em apenas 13 anos. A musculatura do Brasil enfraqueceu…”

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“O intervencionismo estatal de nossos dias extrapolou os limites. Vem suprimindo a livre iniciativa! Não queremos ser uma Venezuela!”

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“Diante disso, um de nossos focos principais será a atuação política. O Secovi-SP é uma instituição que tem um partido muito bem definido: Um partido chamado Brasil, integrado por 205 milhões de brasileiros! A meta é intensificar nosso protagonismo nas questões setoriais, mas, também, nas questões nacionais. É ser a voz das mais de 80 mil empresas que representamos em todo o Estado de São Paulo, e que não podem simplesmente fechar as portas. Nos últimos dois anos, foram eliminados 313 mil postos de trabalho no setor imobiliário. Aproximadamente, 500 vagas por dia”!

 

Confira a íntegra do discurso.

PRONUNCIAMENTO DO PRESIDENTE DO SECOVI-SP, FLAVIO AMARY, POR

OCASIÃO DA SOLENIDADE DE POSSE DA NOVA DIRETORIA DO SINDICATO,

REALIZADA DIA 29 DE FEVEREIRO DE 2016, NO CLUBE ATLÉTICO MONTE LÍBANO

Excelentíssimas autoridades presentes!!!

Prezados companheiros da indústria imobiliária.

Ilustres convidados, caros representantes da imprensa, senhoras e senhores.

É difícil encontrar palavras que definam a emoção deste momento.

Ao mesmo tempo, é gratificante saber que conto com o fundamental apoio dos

associados, que nos deram seu voto de confiança.

O apoio da diretoria, dos ex-presidentes e dos funcionários do Secovi-SP; e,

especialmente, da minha família.

Família, que é a matriz da sociedade, onde é moldado o caráter de cada um de nós.

E só posso agradecer aos meus pais pela criação que me deram, baseada em valores

éticos, na exata noção do conceito de coletividade, do associativismo, do bem

comum.

Valores estes que eu e Isabel transmitimos aos nossos filhos, para que possam

respeitar a vida.

Vida, que é, em essência, a razão de ser do Secovi e do setor imobiliário.

Nosso objetivo maior é o bem viver, em todas as suas manifestações.

E bem viver implica ofertar espaços adequados para se morar e trabalhar; para

estudar e se divertir; para viajar; para prosperar.

Isso vai além do parcelamento do solo e da construção de paredes.

Passa, necessariamente, pelo cuidado com o meio urbano, com a preservação dos

recursos naturais.

Implica enxergar décadas adiante, pensando nas condições de vida das gerações

futuras.

Estamos em um momento particularmente complexo da história do Brasil.

Nossa maior preocupação é o futuro.

O que foi feito deste país?

De 2013 até hoje, os episódios que marcam nossa história são, no mínimo,

estarrecedores!!

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Os brasileiros foram assaltados por um esquema de corrupção de proporções

inimagináveis.

Assaltaram nossos bolsos; esvaziaram os cofres públicos; roubaram nossa confiança;

abalaram nossa autoestima.

Fomos seduzidos por um sonho de crescimento e desenvolvimento.

Acreditamos. Afinal, as condições básicas estavam criadas por uma política

econômica alicerçada em controle da inflação, estabilidade monetária,

responsabilidade fiscal e previsibilidade.

Não havia a menor suspeita de que esses pilares seriam irresponsavelmente

demolidos, arruinando um gigante chamado Brasil.

Sim, aquele gigante que vimos despertar, acabou entorpecido com as boas notícias

que diariamente mostravam que tudo ia muito bem.

Como não comemorar o pleno emprego, a redução do IPI para que a população

pudesse comprar geladeira, fogão, automóvel e mesmo imóvel, pois os materiais de

construção também foram agraciados.

Fomos ingênuos…

Devíamos ter suspeitado que não há gentileza que se sustente usando chapéu

alheio…

No caso, o nosso chapéu!

Afinal, foi o patrimônio de todos nós que sustentou essa felicidade passageira.

Basta ver o que aconteceu com a Petrobras, e isso para dar apenas um exemplo.

Muitos programas fracassaram por falta de recursos.

PAC, Pronatec, Ciências sem Fronteiras, Brasil Pátria Educadora…

E, dentre outros, o Minha Casa, Minha Vida, conquista da sociedade que nós, do

Secovi-SP, estamos tentando preservar.

Demoramos 21 anos para restaurar a democracia. E por 20 anos conseguimos manter

a estabilidade da moeda nacional.

Hoje, aqui estamos nós. Do sonho ao pesadelo em apenas 13 anos.

A musculatura do Brasil enfraqueceu…

Ela depende dos investimentos em infraestrutura e da pujança da indústria, que foi

sucateada.

O metabolismo do Brasil adoeceu…

Ele depende de planejamento e políticas governamentais consistentes, voltadas ao

interesse público, que foi desprezado.

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Em todos os segmentos identificamos uma espécie de processo de falência.

A área da saúde continua caótica. Faltam médicos – os cubanos acharam melhor ir

embora…

Faltam equipamentos. Remédios e vacinas desaparecem. E, não raro, muitos são

descartados, pois o prazo de validade venceu.

Neste continente tropical chamado Brasil, imaginávamos que jamais voltaríamos a

1903, quando Oswaldo Cruz combateu a febre amarela, transmitida ao homem por

mosquitos, como o Aedes Aegypti.

O mesmo Aedes da dengue e da zika, apontada como responsável por uma legião de

bebês com microcefalia.

Bebês que, se sobreviverem, não terão um sistema de saúde que possa amparar a

eles e aos seus pais.

Então, somos obrigados a reconhecer que educação e cultura têm tudo a ver com

esse processo.

Um povo educado não acumula lixo. Cuida da higiene, dentro e fora de casa!

E, então, voltamos a bater na tecla da falta de investimentos em um sistema de

educação eficaz, em saneamento básico e em moradia digna.

Temos gerações de brasileiros que se acostumaram a viver em barracos, na beira de

córregos – esgotos a céu aberto, vizinhos de lixões…

Gerações que não aprenderam na escola, que se adaptaram ao meio indigno, como

se isso fosse aceitável.

Mas não é!! É absurdo!! É desumano!!

É falta de gestão, não falta de dinheiro!!

De 2005 a 2015, recolhemos em impostos nada menos que 13 trilhões de reais!!!

E ainda somos ameaçados com a volta da CPMF. Uma afronta aos cidadãos!!

Quem olha de fora, vê que o Brasil é rico, e muito rico, pois suporta a maior taxa de

juros do mundo, uma absurda carga tributária, e a enorme e pesada mão do Estado.

O intervencionismo estatal de nossos dias extrapolou os limites. Vem suprimindo a

livre iniciativa!

Não queremos ser uma Venezuela!! E nem o povo venezuelano merece o governo

que tem.

Está evidente que fomos colocados na direção errada.

Estamos na contramão do que fizeram os países que se desenvolveram. Ficamos

reféns de ideologias.

Senhoras e senhores.

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A turbulência econômica atual é fruto de uma crise política sem precedentes.

E de uma crise ética que jamais poderemos perdoar!

Corrupção é falta de ética. É falta de integridade!!

Para isso, não há saída:

– Ou curamos ou punimos esses males!

E enquanto a cura não vem, cada brasileiro que preza a decência só pode apoiar os

operadores da justiça, na apuração e na punição de corruptos e corruptores.

Neles depositamos a esperança do indispensável saneamento moral do País.

A esperança do fim da impunidade, pela legalidade.

Cada brasileiro que trabalha honestamente deve apoiar os veículos de comunicação.

A imprensa livre que traz informações à sociedade, que vivia feliz e enganada, e

simplesmente ignorava.

Caros amigos.

Naturalmente, muitos dos presentes devem estranhar o fato de, até agora, esta

mensagem não focalizar temas específicos das atividades imobiliárias, representadas

há 70 anos pelo Secovi-SP.

Não falar das grandes metas traçadas para cada segmento que abrigamos, ou dos

inúmeros problemas que enfrentamos, como dificuldades no licenciamento, falta de

financiamentos, legislações equivocadas, distratos, questionamento no pagamento

de taxa de corretagem.

Também, por nada termos falado, ainda, sobre as soluções, como elaboração de

novos marcos regulatórios; fortalecimento do compliance nas empresas e criação de

um canal de denúncias para casos de concussão; novos tipos de funding e, dentre

outras, modelos de autorregulamentação, como o já desenvolvido para a área de

administração de condomínios.

A razão é simples.

Sem resolver a crise política não se resolve a crise econômica.

Somente com a superação da crise econômica poderemos consertar os problemas

que atingem nosso mercado.

E, consertando nosso mercado, teremos condições de continuar contribuindo para o

crescimento sustentado do Brasil.

Diante disso, um de nossos focos principais será a atuação política.

O Secovi-SP é uma instituição que tem um partido muito bem definido:

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– Um partido chamado Brasil, integrado por 205 milhões de brasileiros!

A meta é intensificar nosso protagonismo nas questões setoriais, mas, também, nas

questões nacionais.

É ser a voz das mais de 80 mil empresas que representamos em todo o Estado de São

Paulo, e que não podem simplesmente fechar as portas.

Nos últimos dois anos, foram eliminados 313 mil postos de trabalho no setor

imobiliário. Aproximadamente, 500 vagas por dia!

Em igual período, a construção civil desativou 650 mil empregos formais.

Nesse ritmo, a taxa de desemprego no Brasil deve superar os 10% previstos para 2016.

No ano passado, a população desocupada chegou a 9 milhões de pessoas.

Portanto, trabalhar politicamente é trabalhar nacional e setorialmente.

E isso significa intensificar o posicionamento público sobre o que julgamos essencial

para resgatar o Brasil.

Queremos um ajuste fiscal para valer! Medidas que não se submetam a barganhas

parlamentares.

Queremos um combate à corrupção para valer! Sem remendos, sem jeitinhos.

Queremos o dinheiro público empregado em prol do interesse público!!

Orçamento feito, orçamento cumprido!

Sem pedaladas. Sem superfaturamentos. Chega de artificialismos!

Não podemos aceitar um governo que assume o País já prevendo déficit fiscal; que

vai gastar mais do que arrecada.

As consequências econômicas dessa condição são dramáticas: juros altos que elevam

a dívida pública, sufocam o setor produtivo, aumentam o desemprego e o sofrimento

da população.

Dívida pública que, cada vez mais impagável, potencializa o risco de calote e leva o

Brasil, como levou, a perder o grau de investimento.

Fomos rebaixados pelas três agências que fazem classificação de risco!

Não temos perspectivas, previsibilidade, expectativas. É a tempestade perfeita!!!

Como disse o historiador e crítico político Leandro Karnal, na atual situação, “Pagar

mais impostos para o governo é o mesmo que aumentar a mesada de um filho que

gasta com drogas”.

A classe empresarial não pode mais se omitir!!

Queremos menos burocracia e o fim da insegurança jurídica, cuja consequência é a

desordem social, a precariedade dos negócios e a ausência de investimentos.

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Que se respeitem os contratos! Que leis deixem de retroagir!

O Estado não pode ficar mudando regras a toda hora!!!

A estabilidade das normas é condição essencial para o desenvolvimento econômico e

para o emprego.

Queremos o direito de propriedade respeitado!! É constitucional. É democrático.

Chega de tornar relativo o que é absoluto!

A violação do direito de propriedade é a antessala de um ataque generalizado à

liberdade de escolha. É a base da instabilidade social.

Queremos menos Estado e mais livre iniciativa, outro princípio constitucional

norteador de nossa vida econômica e responsável pela formação de sociedades mais

justas e desenvolvidas.

A sociedade está cansada de um Estado que parece ser um fim em si mesmo, e não

um ente a serviço da população.

Chega de desperdícios de tempo, de dinheiro, de eficiência, de competitividade…

Queremos garantir o estado de Direito, a democracia, o respeito aos cidadãos.

Chega de negligenciar valores em troca de favores!

Queremos diretrizes concretas para o País.

Uma visão de futuro.

Planos para além da duração de mandatos. Planos de nação!!

Chega de surpresas com inflação, juros ou recessão!!

Queremos recuperar a dignidade e o orgulho de viver num país maravilhoso.

Chega de sangrar seu potencial! Não aceitamos mais vampiros em nossas veias.

Queremos isto, e muito mais!!

E faremos isso, e muito mais, pelo diálogo transparente, com honestidade de

propósitos, com propostas concretas.

Estendemos nossas mãos aos governantes e aos parlamentares.

Não somos adversários. Somos pessoas empenhadas em ajudar o País.

Estendemos nossas mãos a todas as entidades de classe, às organizações não

governamentais.

Aos institutos de pesquisas e de ensino, aos magistrados, aos formadores de opinião.

Enfim, ao conjunto da sociedade.

Somente com união, com uma diretriz comum, é que teremos condições de iniciar e

conduzir o inadiável processo de recuperação daquele verdadeiro Brasil.

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O Brasil que trabalha, produz e compartilha.

Que gera renda.

Que oferece oportunidades.

Que retém talentos.

Que sonha grande e alto.

Tão grande quanto o seu tamanho.

Tão alto que os olhos não podem alcançar, mas que o coração sabe: o futuro está lá

e estamos seguindo ao seu encontro com ética, seriedade e responsabilidade.

Esta, senhores, é a maior proposta da nova diretoria do Secovi-SP para o biênio 2016

a 2018.

Uma agenda de ideais que iremos cumprir com o apoio de todos aqueles que, como

nós, trabalham para o bem da Nação.

Temos força, temos fé, temos vontade e coragem para assumir as rédeas do nosso

destino.

Venceremos mais esta turbulência!!

E quando o mar se acalmar e o céu ficar claro, o setor imobiliário, representado pelo

Secovi-SP, estará pronto para colaborar com o crescimento sustentado deste nosso

tão amado Brasil!

Muito obrigado!

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