Um delegado da Polícia Civil de Sorocaba está envolvido com a organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) que controla o crime nas ruas do Estado de São Paulo a partir das unidades prisionais. A apuração faz parte da “Operação Ethos”, deflagrada em 23 de novembro pelo Ministério Público, que cumpriu mais de 40 mandados de prisão em todo Estado. O órgão não divulgou o nome nem detalhes da participação do delegado de Sorocaba no esquema.
Essa notícia ganhou a página de portais nacionais de notícia e foi publicada pelo Diário de Sorocaba na semana passada.
Conversei com quatro delegados a respeito dessa informação ao longo do dia de hoje. Vou relatar aqui o que me disse um deles, com o meu compromisso de guardar a fonte. Há um sentimento de insegurança e traição muito grande entre todos eles. Leia o que me disse: “Estamos nessa investigação há um ano e meio. Identificamos muitos envolvidos. Ao ser ouvido, um dos presos fala de um Delegado de Sorocaba que facilitaria a liberação de presos, mas não fornece nenhum nome, ou qualquer outro dado, que pudesse auxiliar na identificação. Nem sabemos se realmente há algum Delegado de Sorocaba envolvido, até porque, não consta fato algum ocorrido aqui. Mas, agora que o inquérito foi aforado, o MP jogou pra imprensa essa informação. Foda porque ela não se sustenta nas demais informações dos autos e desestabiliza todos os colegas. Claro que estamos investigando, mas por enquanto não há nada de concreto”.
Também em off, me disse um outro delegado: “Estou tentando saber quem é desde a semana passada. O portal G1 de Sorocaba diz que recebeu a informação dos coelgas de São Paulo. O Diário de Sorocaba deu a notícia em cima do G1, mas ninguém sabe. Perguntei para a jornalista do G1 se era um delegado d Sorocaba ou um delegado sorocabano e ela também não soube dizer. Enfim, a imprensa publicou sem qualquer certeza.”
Como se pode observar, um delegado está mais informado do que o outro. Há um terceiro especulando sobre quem pode ser o colega. Um quarto dizendo que nem tinha conhecimento do assunto.
O fato é que o clima pesou entre os colegas da Polícia Civil e, especialmente, em relação ao Ministério Público que não teve cuidado em tratar de denúncia tão grave levando a sociedade a desconfiar de todo e qualquer delegado.