Quando anunciei, com exclusividade, que o promotor de justiça Orlando Bastos Filho abriria um processo de investigação sobre o processo de escolha do presidente da Câmara de Vereadores, levando em conta denúncia de compra e venda de votos, o prefeito Pannunzio estava dentro do estúdio da rádio Ipanema. Ele entraria no ar na coluna O Deda Questão como faz quinzenalmente e papeava (como é comum) com os apresentadores. Falando desse assunto, Fabinho Mascarenhas, assessor do prefeito, disse que não é bom presidir o Legislativo no ano em que haverá nova eleição (essa é uma tese bastante difundida nos bastidores, de que ser presidente atrapalha o vereador a fazer política). Fabinho fazia alusão ao tucano José Francisco Martinez, deixando em dúvida se ele seria candidato. O prefeito interveio na manifestação de Fabinho e enfaticamente disse: Para mim é importante que o presidente da Câmara seja um aliado no meu último ano de governo. E o prefeito tem razão, afinal um adversário no comando da casa tem muito mais chance de criar problemas para o encaminhamento da pauta de projetos que são do interesse do Executivo.
O fato é que do dia dessa conversa (há três semanas) até agora o que mais aconteceu foi ver a temperatura esquentar na Câmara. A investigação do promotor coloca fervura nas relações historicamente cordiais dos vereadores. Os novatos (que estão no primeiro e até segundo mandato) estão com medo de errar a escolha e sofrer o que pode ter de pior ao estilo clientelista da maioria de todos: a lentidão do executivo em atender demandas do seu curral eleitoral. Um exemplo é: em que local da fila de recape de uma rua, por exemplo, será colocado o bairro que interessa a um vereador? Os aliados entendem que são atendimentos mais rapidamente do que quem é da oposição.
Por enquanto, o tucano Martinez é o único candidato do prefeito e tem como seu principal cabo eleitoral o atual presidente, Cláudio do Sorocaba 1. Por enquanto, também, o petista França é o único candidato da oposição. Mas é evidente que o nome mais forte para derrotar Martinez é o do vereador mais antigo do Legislativo sorocabano, Marinho Marte. Aliás, Marinho e Crespo, os mais combativos vereadores em tudo que se refere ao prefeito Pannunzio, são aliados de Renato Amary (PMDB), que já anunciou sua candidatura a prefeito em 2016.
Diante de tudo isso, não há exagero em compreender que a eleição para o presidente do Legislativo sorocabano, marcada para o dia 15 de dezembro, seja uma prévia da polarização da eleição para prefeito em 2016.