Promotor de justiça puxa minha orelha e diz que erro quando defendo um julgamento técnico para o impeachment

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Meu papel na bancada do fortíssimo Jornal da Ipanema (FM 91,1Mhz), onde há 3 anos apresento a coluna O Deda Questão, nem sempre é compreendido. Aliás, a incompreensão é algo que me acompanha desde o início dessa profissão de fé que é o jornalismo diário. Há semanas Kiko Pagliato, que é comentarista do mesmo jornal (na bancada é mero detalhe o fato dele ser o dono da emissora), assumiu seu desejo de impeachment da presidente Dilma e desfila uma série de adjetivos contra ela. Ele implica, inclusive, que ela ande de bicicleta neste momento de turbulência. Kiko é muito verdadeiro e passional.

Eu acho que pouco importa o que o Kiko pensa. Assim como também acho que não importa o que eu penso. Aliás, o que qualquer um pensa. Só me incomoda, e muito, os que não pensam. Ainda mais neste dias. Que momentos difíceis!

O importante, entendo, é que eu ali na bancada do jornal dê elementos para o ouvinte pensar e formar sua própria opinião. Por isso, insistentemente, desde há um ano quando o deputado federal sorocabano Vitor Lippi começou a usar o microfone do Jornal da Ipanema para pregar o impeachment, eu tento explicar qual é o rito desse radical (pois tira de um mandato) instrumento da Constituição.

Hoje (1ª de abril), logo após o final da coluna O Deda Questão, recebi uma repreensão de um amigo, promotor de justiça: “Deda, o julgamento é político, tanto que feito pelo congresso.  Fosse jurídico caberia ao Supremo.  O ‘crime’ é perder sustentação parlamentar.  Vide Collor. O País não pode ficar em impasse”. Eu retruquei:  Mas está  na Lei que um presidente pode perder o mandato por falta de sustentação política? E meu amigo promotor respondeu: “Está,  ao deferir o julgamento ao Congresso e não a órgão técnico, esta prerrogativa comporta este tipo de julgamento.  Repito, se fosse para se ater à letra da lei o julgamento seria no STF (Supremo Tribunal Federal). Assim também,  mesmo havendo crime, um presidente não cai se tiver sustentação.  A coisa é política, conveniência e oportunidade, assim quis a constituição. Você não é jurista, assim como os deputados.  Portanto, pára com isso cara de querer um julgamento técnico do impeachment. Está ingovernável.  O problema é político e será resolvido politicamente. Pode-se não gostar dessa realidade, mas a Constituição Federal assim manda.”

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