Chegou ao seu ápice a campanha eleitoral para a escolha do próximo prefeito de Sorocaba no debate entre Raul Marcelo (PSOL) e Crespo (DEM) nos estúdios da rádio Ipanema (FM 91.1Mhz) na manhã de hoje.
Durante mais de duas horas, das 7h30 às 9h40, os dois candidatos tiveram a oportunidade de falar sobre temas de interesse da sociedade como saúde, educação, meio ambiente, mobilidade, cultura, esporte… E aproveitaram bem este momento.
Ambos tiveram também oportunidade de falar sobre esses temas se dirigindo a públicos específicos e ambos escolheram o funcionalismo público municipal para enviar sua mensagem com discursos para valorizar este importante segmento da sociedade sorocabana, capaz de definir uma eleição apertada (como é o caso dessa) uma vez que são 13 mil funcionários diretamente empregados na Prefeitura, Saae, Urbes e ao menos 3 membros por cada uma de sua famílias. Se imagina um universo de mais de 45 mil eleitores que estão em questão e por isso se compreende que ambos foquem suas mensagens a este público.
Ambos também deram um valor sem tamanho às questões Deus, Cristão e Religião. Nesses quesitos nem um e nem outro se diferenciou uma vez que souberam mandar a mensagem que não vão ferir sentimentos da fé de nenhum eleitor.
Agora, ambos também tiveram a chance de desconstruir a imagem de cada um, apontando a contradição que um e outro lado apresentou com o passar da campanha. Mas faltou coragem para que avançassem o sinal. Apenas tergiversaram (fugir do assunto principal no momento em que falam) quando podiam ter chamado a atenção para o que um candidato dizia no momento do debate da Ipanema e que era diferente do que já havia dito em algum momento da campanha. Foram muitos os exemplos:
1) Crespo não disse hoje no debate se vai criar, via projeto de lei, os mais de 150 cargos comissionados na prefeitura de Sorocaba extintos por decisão judicial. Mas, anteriormente, ele havia dito que sim. Raul deixou a oportunidade passar.
2) Raul não disse hoje no debate que vai requisitar os terrenos particulares de Sorocaba (estima-se mais de 35 mil e outros 15 mil públicos) para fazer hortas comunitárias, mas que vai dar permissão que hortas sejam criadas nos terrenos particulares. O que é absolutamente diferente, requisitar de permitir. Crespo deixou a oportunidade passar.
3) Raul disse que morou de aluguel na zona leste, mas que se formou em escola pública da zona norte, na Vila Carol, onde até hoje vota. Mas não disse que reside em uma mansão num dos condomínios mais chiques de Sorocaba. Tema, aliás, que inunda as redes sociais. Crespo deixou a oportunidade passar para colocar foco e luz sobre este tema.
4) Crespo disse que vai fazer o BRT no eixo Norte e Sul e o Metrô de Superfície no eixo Leste e Oeste utilizando as linhas férreas existentes da empresa particular ALL. Metrô? Raul aceitou como se criar um metrô fosse fácil como colocar um ônibus para andar na rua já existente. Raul também deixou a oportunidade passar.
5) Nem Raul e nem Crespo externaram a abismal diferença ideológica que existe entre cada um deles. O partido que cada um pertence é o único indicativo disso. Ambos perderam a chance de dizer o que cada um pensa do outro neste quesito.
Enfim, separei duas oportunidades perdidas de cada lado, mas foram várias outras que o formato do debate permitiu que viessem à tona.
Ficam os parabéns para Kiko Pagliato que idealizou o debate, a Urbano Martins que coordenou sua execução, a José Roberto Ercolin que conduziu a mediação e a todos os integrantes do Sistema Ipanema de Comunicação e da ITV que transmitiu o debate ao vivo pelo canal 24 da Net.
Fica o alerta para que o eleitor tenha em mente que estão em disputa nesta eleição duas visões absolutamente diferentes de cidade que vai desde o ponto de vista ideológico até o da maneira como a cidade será administrada.
Fica o meu desejo de que seja quem for o vencedor, o que ficou em segundo lugar reconheça a vitória do oponente e trabalhem juntos por Sorocaba, pelo sorocabano e pela Região Metropolitana. Só tenho uma certeza, quem ganhar obviamente será um ganhador. Mas quem perder, por mais paradoxal que seja, também já é um ganhador.