Tenente-coronel da PM sorocabana é indiciado por delegado seccional da Polícia Civil de Sorocaba e alega que motivo foram rusgas pessoais. Delegado diz que inquérito seguiu rigor técnico e jurídico e não se desviou da sua função

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O tenente-coronel Marcos Antônio Ramos da Polícia Militar de Sorocaba foi indiciado pelo delegado seccional Marcelo Carriel da Polícia Civil de Sorocaba em razão de uma atividade de Ramos, de presidente do Aeroclube de Sorocaba, que é paralela, e portanto independente, à sua função de comando na Polícia Militar.

O delegado vê suspeita de estelionato e associação criminosa por parte de Ramos num curso de piloto desenvolvido no Aeroclube de Sorocaba.

Oswaldo Guitti, advogado do tenente-coronel, afirma que o inquérito tem problemas porque o seu cliente “nem chegou a ser ouvido antes da conclusão do inquérito o que é absolutamente sem propósito e fora da realidade da atividade de delegado”.

Carriel me diz que o tenente-coronel foi citado para prestar depoimento uma vez, pediu o adiamento, foi aceito, e na segunda convocação também faltou. O delegado disse que também por essas faltas o tenente-coronel da PM será citado em inquérito e terá de responder perante a justiça.

O fato do indiciamento do tenente-coronel da PM foi noticiado com exclusividade na edição de quinta-feira á noite da TV Tem Sorocaba e reproduzido no portal da emissora (http://g1.globo.com/sao-paulo/sorocaba-jundiai/noticia/2017/01/tenente-coronel-da-pm-suspeito-de-estelionato-e-indiciado-em-sorocaba.html).

Alguém deu essa informação exclusiva a algum jornalista da emissora.

É necessário alguma informação a mais que justifique a tese de que o delegado seciconal (ou algum subordinado seu) passou essa informação exclusiva à TV Tem uma vez que essa atitude não condiz com o comportamento de Carriel até este momento uma vez que ele nunca privilegiou uma informação de interesse de toda a comunidade a apenas um veículo de comunicação.

Quem pode ter dado essa informação exclusiva para a TV Tem é um procurador federal, integrante da Advocacia Geral da União, que trabalha em Sorocaba, e era um dos alunos do Aeroclube de Sorocaba. Aliás, esse procurador denunciou a direção do Aeroclube para a Anac (Agência Nacional de Aviação) e à Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo e, também, à Polícia Civil.

Na visão da defesa do tenente-coronel Ramos, a soma de um inquérito que indicia o tenente-coronel da PM sem ouvi-lo com a veiculação exclusiva do fato na afiliada de Sorocaba da Rede Globo, mais a declaração do tenente-coronel Ramos de que “tudo não passa de uma rusga pessoal que infelizmente também atinge duas instituições, uma de 75 anos e outra de 185 anos”, leva à conclusão de que Carriel quis constranger Ramos por causa de um atrito entre ambos ocorrido há alguns anos.

Carriel afirmou que seu comportamento neste caso foi absolutamente ético, ou seja, o inquérito seguiu rigor técnico e jurídico e ele nunca se desviou da função, nunca usou do cargo que ocupa na Polícia Civil para qualquer desvio de caráter pessoal e classifica essas afirmações do tenente-coronel da PM como a de alguém que deseja tirar o foco de um caso de polícia (estelionato e associação criminosa) no qual ele é suspeito e terá de responder à justiça.

Relembrando as rusgas entre ambos

Para ajudar na compreensão da fala do tenente-coronel da PM, que afirma ser por motivação pessoal essa ação do delegado seccional, chamando-a de rusgas, vale lembrar o que aconteceu entre Ramos e Carriel.

Quando acontece um fato na sociedade, onde a viatura da Polícia Militar comparece ao local da ocorrência (tiroteio num bairro; assalto a uma residência, enfim, são variados os exemplos) após colher os dados os policiais dessa viatura vão até o Plantão Policial na Delegacia de Polícia para registrar o caso. Ou seja, a Polícia Militar faz a prevenção e o flagrante e a Polícia Civil faz a investigação do que esse policial militar relatar documentalmente. Um policial chegava a perder até 8 horas numa delegacia para fazer este registro, ou seja, deixava de fazer o seu papel preventivo. O tenente-coronel Ramos, então, orientou os policiais militares a não ficarem tanto tempo esperando na delegacia para fazer este registro. A partir disso, o delegado seccional Carriel começou a abrir inquérito contra esses policiais militares acusando-os de desobediência. O tenente-coronel Ramos, então, passou a mover Habeas-Corpus contra essa medida de Carriel. O caso chegou ao Ministério Público que mandou arquivar o caso, dizendo que não havia desobediência dos policiais militares conforme alegado por Carriel.

Para entender o caso de estelionato e associação criminosa acesse o portal do Jornal Ipanema (http://www.jornalipanema.com.br/noticias/policia/278686/diretores-do-aeroclube-de-sorocaba-sao-indiciados-por-suspeita-de-estelionato).

 

Foto: trecho do documento da promotora de justiça Maria Castanho mandando arquivar o caso interpretando que não havia desobediência dos policiais militares conforme alegado por Carriel

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